segunda-feira, setembro 17, 2007
Urbana Legio Omnia Vincit.

Segundo Rafael, Renato Russo foi o último verdadeiro gótico brasileiro. Eu concordo em parte - concordo principalmente quanto às letras mais intimistas que ele escrevia. Exemplo:

"Nada mais vai me ferir É que eu já me acostumei Com a estrada errada que eu segui e Com a minha própria lei"

Andrea Doria - do álbum Dois.

Só que tem aquelas coisas tipo Eduardo e Mônica, Perfeição, Geração Coca-Cola... então, pra quê rotular? Pra que dizer se é gótico, neo-punk, new wave, música pra acampamentos? É Legião, cara... E o que seria de nós se não fosse por eles?...

Não tenho um só álbum favorito: gosto de praticamente todos. Mas claro, tem aquelas fases em que um fala mais alto que os outros. Acho que no atual momento estou na minha fase Dois. Este álbum tem quatro músicas que são minhas preferidas ever: Daniel na Cova dos Leões (inclusive já fiz um trabalho sobre essa letra na faculdade; fiz também uma poesia ruim, mas isso não vem ao caso); Acrilic on Canvas; Música Urbana 2 e a supra citada Andrea Doria, que inclusive dá muito pano pra manga. Dá uma olhada aqui.
Letra completa de uma das músicas. Tomei a liberdade de pôr em negrito as partes que mais gosto. Acho uma letra muito perigosa, meio que Every Breath You Take de tão obssessiva. Imagino sempre um pintor com jeito de serial killer :P

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Acrilic on Canvas

É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
Da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do batom que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"